quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Visita ao aquário

É verdade que, de todos os áquarios a que fomos, esse tem o preço mais salgado e as instalações menos grandiosas. Custa 19,90 euros por adulto e de graça para crianças até 3 anos.

Vencido o desânimo inicial ao esvaziar a carteira e enfrentar a fila para comprar ingresso (aconselho fazer isso pela internet, mas nunca faço), o que se vê durante a visita é um lugar com muitas ideias simples, porém capazes de divertir a valer pequenos seres costumeiramente conhecidos como monstrinhos, opa, não, meninos e meninas.

Olhinhos atentos e perninhas apressadas são facilmente entretidas por sacadas divertidas, como uma bacia de carpas em que mãozinhas curiosas podem sentir água, peixe, movimento ao alcance de muitos dedinhos. Por que, afinal, qual a graça de ver sem pegar?

Nos corredores uma projeção de peixinhos coloridos, que parecem nadar no chão, faz correr para lá e para cá crianças admiradas e comprometidas a alcançar o próximo peixinho que, tão logo aparece, desaparece.

Logo ao lado, basta se aproximar da roda para assistir a um teatrinho de bonecos daqueles com roteiro descomplicado e diálogos repetitivos. Bom para poder acompanhar tudo o que cada personagem já falou e vai falar de novo em seguida e, assim, envolver um monte de pequeninhos no espetáculo.

Mais: sala de cinema, apresentação musical, dança, teatro, desenhos e muitos amigos do mar para conhecer. De todas as cores, em forma de estrela, em forma de cobra, de peixe.

No fim, a gente até lembra que foi caro, mas vai embora feliz.

"Au revoir, amigos. Até a volta."
Veja aqui a lista completa de tarifas do Aquarium de Paris e o caminho para gastar feliz seu dinheiro!

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Pela igualdade de direitos


Quatrocentos mil franceses saíram de casa no domingo, dia 27, para deixar claro que por aqui há muita gente que apóia o casamento civil para todo mundo. O domingo de sol, depois de duas semanas duras de muito frio, dias cinza e neve, acolheu os manifestantes desejosos de mostrar ao mundo que a França é sim o país da igualdade.

Veremos se é mesmo a partir de terça, dia 29, quando o projeto de lei que assegura o casamento civil e a adoção de crianças para e por casais homossexuais começa a ser discutido. O projeto deve ser votado 15 dias depois.


A manifestação de domingo foi uma resposta a outra, organizada no dia 13 deste mês, em que um monte de gente conservadora saiu debaixo de um frio de lascar para protestar contra a aprovação da lei.

Muitos argumentam que a adoção de crianças por dois pais ou duas mães criará meninos e meninas vítimas de preconceito e alterará para sempre a ordem 'natural' das famílias. Fico me perguntando...essas pessoas acham que esse tipo de preconceito partirá de quem senão delas mesmas? E a tradicional família papai-mamãe-filhinho? Será esse modelo único a povoar a sociedade francesa de hoje?

Pois para respondê-los, além do sol, pais solteiros, mães descasadas, casais gay com filhos, sem filhos, héteros com ou sem filhos, casados ou não, além de mim, marido e filhinho, fomos lá gritar: igualdade de direitos para todos!

Cartazes da manifestação onde se lê (em tradução livre): 'Nós fizemos um plebiscito para o seu casamento?' e 'Mais vale um casamento gay que um casamento triste'.
"A igualdade de direitos não é uma ameaça"
Pai e menino na manifestação!

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Reação ao sentir a neve


Quem dera o menino estivesse em êxtase ao sentir o geladinho da neve pronta a virar bolinhas e bonecos, matéria de pura diversão. Isso aí é uma boa birra de uns 40 minutos. Te contar, os franceses pira...era gente parando para olhar a cada novo berro.

Quando os dedinhos estavam bem vermelhos de frio, desistimos do passeio e voltamos para casa. Mas a foto ficou até bonita.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O meu direito é o mesmo que o seu?

Poucos dias depois de chegar a Paris, no caminho de ir às aulinhas de francês, percebi um movimento de jovens em frente a uma igreja. Era muita gente. Fui lá assuntar e vi que eles protestavam contra o casamento gay e a adoção de crianças por casais homossexuais. Qual foi a minha surpresa e decepção ao perceber tanta gente com uma estrada enorme de vida pela frente, determinados a cimentá-la com intolerância e preconceito. 

Pois ontem, dia 21, o discurso de posse do segundo mandato de Obama foi de encontro à minha descrença no ser humano e me deu um pouco mais de gesso para fabricar alguma coisa parecida com esperança. O presidente estado-unidense defendeu os direitos das mulheres, dos gays, dos imigrantes, além de outras bandeiras que ele carrega desde antes de ser o que é hoje: reformas na saúde, seguridade social, políticas climáticas, educação, entre outras.

Os Estados Unidos, apesar de tudo que já fizeram de monstruoso para dominar a América Latina e o mundo - e ainda fazem-, são uma grande influência e continuam a ser a maior potência do planeta. Melhor que seja mais para o bem que para o mal. Falar em direitos de minorias é um grande avanço em tempos de tanta intolerância e coloca mais lenha boa nesse fogo. 

É tanta marcha pelo orgulho hétero, pelo direito da família, para que o outro não tenha o mesmo direito que a gente branca, bem nascida e católica, que ouvir um homem de tamanha importância dizer que não é esse o caminho é emocionante. 

Aqui na França, há atualmente um grande debate sobre o casamento civil para homossexuais, com projeto de lei sendo discutido pelo parlamento francês. A opinião de Obama é uma força inegável em favor do movimento pela igualdade de direitos no mundo. Não por acaso, acredito eu, um deputado francês conservador disse hoje ter mudado de opinião e agora é a favor do casamento gay. Quem sabe essa mudança não se espalha pelo mundo?

Sei que a política internacional dos Estados Unidos vai continuar mais ou menos a mesma e que os americanos não têm grana para colocar em prática dentro de casa todas as reformas que Obama defendeu, que há muita gente contra todas essas ideias, mas ele foi lá e disse. O homem mais poderoso do mundo disse que é favor de direitos iguais para homens, mulheres, gays, imigrantes. A intenção conta, a palavra conta. Tomara.

As passagens de que eu mais gostei:

"We are true to our creed, when a little girl born into the bleakest poverty, knows that she had the same chance to succeed as anybody else; because she is an american, she is free, and she is equal, not just in the eyes of God, but also in our own."

"It is now our generation's task to carry on what those pioneers began. For our journey is not complete until our wives, our mothers, and daughters can earn a living equal to their efforts. Our journey is not complete until our gay brothers and sisters are treated like anyone else under the law -- for if we are truly created equal, then surely the love we commit to one another must be equal as well...Our journey is not complete until we find a better way to welcome the striving, hopeful immigrants who still see America as a land of opportunity; until bright young students and engineers are enlisted in our workforce rather than expelled from our country".
 Barack Obama

Aqui tem o discurso todo.

Mais: para quem estiver por aqui, em Paris, convido a participar da manifestação pela igualdade de direitos - manifestation pour l'égalité - dia 27 de janeiro. Porque, como disse Obama, por mais que esses direitos sejam evidentes, eles não são auto-executáveis! A gente tem que ir lá defendê-los. Vamos?









sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Invernou

Deu na tevê: dois a cinco centímetros de neve começando agora!

Há cinco dias, na segunda-feira passada, nevou pela primeira vez neste inverno em Paris. Mas era neve de nada. Caía no chão e virava água. Sem graça neve aguada.

Hoje cai neve que se acumula no chão e forma paisagem de papai Noel. E a gente fica feliz como se tivesse ganhado presente de Natal.

Rue Casimir Pinel, ao lado de casa

Para que todo mundo possa apreciar a paisagem bonita sem escorregões, uma série de medidas é colocada em prática pela prefeitura de Paris e arredores por causa do inverno mais intenso. A gente nem pensa nesse tipo de coisa sendo brasileiro (eu nunca), mas, para poder atravessar a rua, subir e descer as escadas do metrô, ir ao mercado, dirigir, é preciso que o acesso a esses lugares seja seguro.

A prefeitura começou, a partir de quinta-feira, dia 17, a jogar sal e areia em 20 mil pontos estratégicos da cidade - vias, calçadas, acessos a pedestres, pontos de ônibus, escadas de metrô, entradas de supermercados, etc.

Veículos muito pesados ficam proibidos de trafegar e carros não podem ultrapassar a velocidade de 80 km/h. Donos de lojas e comércios devem limpar a neve e jogar sal nas calçadas em frente a seus estabelecimentos. Doze ginásios receberão 1.369 pessoas sem-teto, os sans-abri.

Eu vou ficar aqui, invernando. E olhando pela janela.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Artista


Toda noite eu me lembro do Billy Elliot. 

Te convido a ver passinhos ligeiros, acompanhar pulos, piruetas e movimentos de dança inusitados, a apreciar chutes a gol sem gol, a ouvir poesias estranhas em línguas misturadas, músicas cantadas em forma de alfabeto, letras animadas por números e formas. E mais piruetas, muitas piruetas. Bravo, bravô. Te convido a dar muitas gargalhadas. O menino está crescendo e aprendendo a fazer mugangas. É só deitar no tapete da sala e apreciar.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

O guia de escritor mal-humorado

Guy Delisle em sessão de autógrafos na L'Arbres à Lettres da Bastilha


Li ontem no Facebook que um dos meus quadrinistas contemporâneos favoritos - Guy Delisle - faria uma sessão de autógrafos hoje, dia 9, às 18h numa pequena livraria nos arredores da  Bastilha.

Pois arrumei babá, enfrentei fila, multidão, escadas, chuva, para garantir a assinatura do autor no último volume de quadrinhos feito por ele - Le guide du mauvais père, algo como O guia do mau pai. Geralmente, Delisle escreve e ilustra em quadrinhos o que aqui na França chamam de jornais de viagem. São histórias autobiográficas relacionadas a experiências pessoais de... tah dah viagem! Este último livro retrata o Guy Delisle como pai e parece continuar tão bem desenhado e repleto de humor ácido na medida como os outros.

Pois lá fui eu, toda serelepe, lançamento debaixo do braço, ganhar uma dedicatória só pra mim (ou quase isso!).  Desenho fofo feito, apesar da cara exausta e de nenhuma conversa. Fui eu abusar e pedir umas linhas a mais para o meu pequeno em casa, o moço fez expressão de poucos amigos, resmungou, mandou pedirem só uma dedicatória por pessoa ou não sairia dali naquele dia (apesar de sermos dois e termos comprados três livros). Tudo bem, Guy, te conheço faz tempo, sei que era só cansaço.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Le petit bateau - o início de mais uma jornada



Meu barquinho ancorou cá.
Ao chegar,
Viu tanta luz,
Nem conseguiu descansar.
Era luar não,
Era um mundaréu de lâmpadas a nadar no mar.